Minha experiência com o Réveillon em Copacabana começou dia 30 de dezembro, ou seja, na antevéspera do ano novo. Fui à tarde tentar comprar bilhetes de ida e volta do Metrô Rio na estação Central. Uma vez que o esquema especial de trânsito para o Réveillon iria fechar Copacabana até as 4:00h da manhã e obrigar todo mundo a caminhar até a Praia de Botafogo para voltar de ônibus (e esta "organização" não me soou bem aos ouvidos...), preferi optar pelo metrô, que me pouparia de fazer uma "meia-maratona" após a queima de fogos!
Chegando à estação Central para comprar os ingressos especiais, havia uma fila de mais de 100 pessoas (e aumentando a cada minuto...). Porém não havia
um único funcionário do Metrô ao longo da fila instruindo a respeito da compra dos bilhetes especiais ou sobre a finalidade daquela fila. Os únicos funcionários fora da bilheteria eram dois seguranças que estavam do lado de dentro das roletas. Perguntei a eles e confirmaram a fila como sendo a de compra dos bilhetes. Esperei 10 minutos na fila e não saí do lugar. Lembrei que as estações Carioca e Largo do Machado também estavam vendendo os bilhetes pro réveillon. Saí da fila na tentativa de comprar um bilhete para ir até uma destas duas estações, que certamente estariam com filas menores que a Central. E qual não foi minha surpresa quando, ao chegar à bilheteria, ouvi do funcionário que as vendas de bilhetes já haviam encerrado nas outras duas estações e que ali, na estação Central, só haviam bilhetes de ida para 23h e 24h!
Traduzindo em miúdos: eu só tive essa informação porque tentei ir para outra estação. Se tivesse aguardado na fila por mais de 1 hora - o que certamente teria acontecido , diante da imobilidade da fila - teria arrumado um tumulto muito sério por terem me feito esperar na fila à toa. Muita gente deve ter se aborrecido com o desserviço prestado pelo Metrô Rio aquele dia.
No dia 31 de Dezembro peguei o metrô para Copacabana na estação Largo do Machado. Já esperava que as plataformas e trens estivessem cheios, afinal de contas o réveillon em Copacabana é um evento que atrai gente do mundo todo. Porém minha expectativa era de que o Metrô Rio -
no mínimo - colocaria trens com intervalos inferiores a 5 minutos desde o início da operação especial de ano novo, de modo que não houvesse superlotação nos vagões. Ledo engano...
Sabendo que o esquema especial do Metrô Rio iniciaria às 19h, comprei bilhetes de ida e volta para acessar o Metrô a partir das 21h (2 horas depois do início da operação especial da empresa). Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar à estação, tive de esperar que QUATRO trens passassem
com todos os vagões abarrotados até a porta, para que eu conseguisse - forçadamente - entrar em uma composição!
Eu estava acompanhado de minha namorada e minha sogra. Tive de imprensá-las contras as pessoas dentro do trem e me agarrar à borda da entrada do vagão. Tendo o corpo empurrado por todos que já se encontravam do lado de dentro, esperei que a porta se fechasse contra as minhas costas para que eu pudesse viajar. No caminho, pelo fato de estar de costas para a porta, várias pessoas tentaram forçar a entrada num vagão já incapaz de acomodar ninguém. Inclusive tive que discutir com uma senhora que, totalmente alterada, me xingava e forçava uma caixa de isopor contra minhas pernas dizendo "que
tinha que entrar naquele vagão porque ia trabalhar!" (Sim... O Metrô autorizou a entrada de pessoas com caixas de isopor de pequeno volume, mesmo não oferecendo estrutura para tal).
Ao descer na estação, apesar de o trem estar funcionando apenas para desembarque, a massa de pessoas acostumadas a diariamente se jogar na plataforma antes do fechamento apressado das portas, saiu às pressas empurrando todos que estavam à frente. Imagino a quantidade de itens (carteiras, celulares, câmeras...) que devem ter caído no vão da plataforma e de pessoas que devem ter sofrido quedas e escoriações devido à falta de seguranças na plataforma para auxiliar a saída organizada da estação (o condutor da composição deveria ter sido orientado a pedir calma aos passageiros antes de o trem chegar À estação e informar que as portas ficariam abertas por 30 segundos , mas o Metrô Rio desconhece o conceito de
proatividade!).
Uma vez deixada pra trás a desorganização do Metrô Rio, finalmente chegamos a Copacabana, onde mais dores de cabeça me esperavam. Chegar à areia em Copacabana exigiu verdadeira estratégia de guerra. Desviar de pessoas paradas em grupos, fluxos contínuos de famílias e amigos que passavam no sentido contrário em trenzinhos (para evitar se perderem na multidão), vendedores ambulantes mal humorados que apareciam do nada com isopores volumosos e molhados... E isso tudo sem mal conseguir enxergar onde se pisava.
Quando finalmente consegui chegar à areia percebi algumas tendas armadas. Pensei tratarem-se de postos da Guarda Municipal ou da PM pra tomar conta das pessoa na praia. Não era: pessoas que chegaram mais cedo à praia simplesmente
armaram tendas, isolaram o acesso às mesmas com elásticos e cordas e fizeram suas pequenas áreas VIP na areia. Ou seja, a praia
inteira foi loteada em verdadeiros labirintos de tendas (e barracas de camping!) que diminuíam o espaço disponível à população que foi assistir à queima de fogos e aos shows e tornavam virtualmente impossível chegar até o mar!
Durante o tempo em que estive na praia, notei ao menos duas discussões entre pessoas mais exaltadas. Havia torres de policiamento na areia, mas os PM's ignoraram estes incidentes de forma categórica, quase como se estivessem ali a lazer. Da mesma forma, não havia guardas municipais ou PM's circulando entre as pessoas para acalmar ânimos ou inibir assaltos (eu testemunhei duas pessoas se queixando após roubos).
Depois da queima de fogos, para evitar o tumulto do retorno pra casa, preferi aguardar que a praia esvaziasse. Deixei a praia às 3:45h da manhã e me dirigi à estação Arcoverde. Note que aguardei
mais de três horas após o fim da queima de fogos para ter tranquilidade em minha volta para casa. Ao chegar em frente à estação Arcoverde notei que havia uma fila cercada circulando a calçada para entrar na estação, de forma a organizar a massa de pessoas que voltariam de metrô. Pensei comigo "ok, vamos pro final da fila". Procurando o fim da fila eu cruzei uma esquina. Depois duas. Três... Tive de caminhar até a Rua Siqueira Campos -
a cinco quadras de distância da estação! - para chegar ao final da fila!
E se já não estivéssemos cansados o suficiente por ficar de pé na praia desde as 22h e ainda termos de caminhar por 10 minutos até o final da fila e esperar mais 20 até que chegássemos à entrada da estação, ao longo da fila ainda tivemos que lidar com vários idiotas tentando furar fila! Aconteceu duas vezes na minha frente quando a fila (que andava pelo asfalto) precisou ser cortada pra dar passagem a carros que vinham das transversais à Rua Toneleros. Em uma das vezes a pessoa fingiu ter se confundido e saiu da minha frente diante do olhar de um guarda municipal que acompanhava a situação em silêncio e que manifestou um simples "Eu tava só de olho pra ver se precisaria eu te ajudar" como apoio. Na segunda vez tive de levantar um pouco a voz e perguntar ao casal à frente dos penetras se eles os conheciam e, diante da negativa, os "espertos" saíram da fila.
Cerca de 10 minutos depois comecei a ouvir uma senhora se queixando em voz alta um pouco mais à frente na fila: um grupo de mais de 7 jovens (homens e mulheres) tomou a frente dela na fila e debochavam das reclamações dela. Avistei na esquina seguinte um guarda municipal ao lado de um PM e fui pedir por auxílio pra lidar com a situação. O PM me olhou de relance e me ignorou como se eu fosse um mendigo tentando entrar em um restaurante caro, enquanto o guarda municipal sugeriu (sic) "Com tanta gente na fila, será que vocês não conseguem se juntar pra tirar os caras sozinhos?".
Agradeci batendo palmas e, de forma irônica, elogiei sua "iniciativa" e "atitude"...
Na curva de início da Rua Toneleros encontrei um grupo de uns 12 guardas municipais e, por estarem em maior número, achei que pudessem resolver o problema. Um deles mencionou que quem estava lidando com a situação eram os funcionários do metrô e pediu que eu me dirigisse à estação. Atravessei a fila diante de olhares furiosos de pessoas que achavam que eu também fosse um penetra e encontrei um grupo de funcionários do metrô que assistia com 2 PM's ao fluxo de passageiros que entrava na estação. Informei sobre minha conversa com a guarda municipal e os mesmos negaram com um sorriso amarelo e informaram que -
pasmem! - a organização da fila estava sendo feita exclusivamente pela guarda municipal!!!
Enquanto eu controlava minha raiva diante da resposta do funcionário do metrô percebi que havia uma massa de pessoas se aproximando da entrada da estação pelo outro lado,
sem entrar pela fila. Elas não apenas se aproximaram, como entraram na estação sem ter esperado na fila! E fizeram isso diante da total indiferença de PM's, guardas municipais e funcionários do Metrô Rio que ouviam os gritos de "olha a fila", "entra na fila", "olha o penetra aí!" com total e completo desinteresse pelo bem estar da população!
Desci na estação de São Cristóvão às 5:40h da manhã. O trajeto - mesmo em horário de rush - é feito numa média de 40 minutos. Devido ao descaso do Metrô Rio com a organização da fila,
levei o triplo do tempo normal pra chegar em casa e completamente arrependido de ter acreditado nas palavras bonitas anunciadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Metrô Rio!
Resumindo: A menos que você invada a faixa de areia com um trailer ou um ônibus, que coloque uma cerca de arame farpado para garantir a comodidade e segurança de seus convidados e contrate seguranças particulares para garantir seu espaço loteado, não recomendo a
ninguém confiar nos
esquemas especiais de transporte organizados pela Prefeitura do Rio de Janeiro ou pelo Metrô Rio. Fique em seu hotel, pousada ou até em casa com seus amigos e evite uma úlcera nervosa ou um infarto no ano que vem!!!
[ENGLISH]
My experience with New Year's Eve on Copacabana began on December 30, ie, two days before New Year. I went to Central subway station in the afternoon trying to buy the special roundtrip tickets to Copacabana. Once the special transit scheme for New Year's Eve would interrupt traffic in Copacabana until 4:00 am forcing everyone to walk to Praia de Botafogo in order to take buses back home (and this "organization" did not sound any good to the ears ...) I chose to use the subway, which would save me making a "half-marathon" after the fireworks to get home!
Arriving at Central Station to buy the special tickets, there was this queue of over 100 people (and increasing every minute ...). But there was not a single employee of the Subway along the queue instructing about the purchase of the special tickets or about the purpose of that queue. The only employees outside the ticket office were two security guards who were behind the turnstiles. I asked them about the queue and they confirmed it as being for purchase of the special tickets. I waited 10 minutes in that queue and did not move. Then I remembered that stations Carioca and Largo do Machado were also selling the réveillon tickets. I left the queue in an attempt to buy a ticket to go to one of these two stations at that very moment, which would certainly be with smaller queues than that at the Central station. And, to my surprise, when I got to the box office, the clerk heard that ticket sales had already closed on those two stations and that there, in Central Station, they only had one-way tickets to 11:00 PM and 12:00 AM!
In other words : I just obtained this information because I tried to go to another station. If I had waited in that queue for more than 1 hour - which certainly would have happened, given the immobility of the queue - I would have had a very seriously argument with the clerk, because they made me wait in a queue for nothing. Many people must have been upset with the disservice offered by Metrô Rio that day...
On December 31 I took the subway to Copacabana at Largo do Machado station. I expected that both the platforms and trains would be full, after all the New Year's Eve in Copacabana is an event that attracts people from all over the world. But my expectation was that the subway company - at least - would provide trains at intervals of less than 5 minutes from the start of the New Year's Eve special operation, to avoid overcrowding in wagons. Mere mistake ...
Knowing that the special operation scheme of Metro Rio would begin at 7:00 PM, I bought roundtrip tickets to access the subway at 9:00 PM (2 hours after the start of subway's special scheme). To my surprise, upon arriving at the station, I had to wait for FOUR trains to pass with all wagons crowded till the doors so that I could - forcibly - enter into a wagon!
I was accompanied by my girlfriend and my mother-in-law. I had to press them against people inside the train and grasp firmly to the edge of the wagon entrance so as not to fall from it. Having my body pushed by everybody who was already inside the wagon, I waited for the door to close against my back so I could go on that train. On the way to Copacabana/Arcoverde station, as I was facing away from the wagon door, several people tried to force entry into the wagon where we were, that could barely accommodate people that were already in it. I even had to argue with a upset lady who was totally upset, cursing me and forcing a styrofoam cooler against my legs saying "I have to get in that wagon because I am going to sell beer in Copacabana!" (Yes. .. Subway authorized the entry of people with styrofoam boxes on such a difficult condition, while not offering structure for such).
When I got off the station, although the train was not opening for people to enter, the mass of people used to throw themselves up on the platform on a daily basis before the wagon doors close, hurried pushing everybody on their way. I can only imagine the amount of items (wallets, cell phones, cameras ...) that must have fallen in the gap between the train and the platform and how many people must have suffered falls and bruises due to lack of security people on the platform to help organize the exit of the station (the train driver should have been instructed to calm passengers before the train reached the station and emphasize that the doors would be open for 30 seconds, but Metro Rio is does not know the concept of proactivity!).
Once the messy Metro Rio was left behind us, we finally were at Copacabana, where more headaches awaited us. Reaching the beach at Copacabana demanded real war strategy. Diverting from people standing in front of us in groups, continuous streams of families and friends who passed in the opposite direction in lines (to avoid getting lost in the crowd), grumpy hawkers that appeared out of nowhere with polystyrene bulky and wet coolers... And all this without hardly being able to see where we were stepping.
When we finally got to the beach I noticed some tents armed. I thought they were posts of Home Guard or from the military police to take care of population on the beach. It was not: people who arrived earlier to the beach simply pitched tents, isolated access to them with ropes and strings and made their small VIP areas in the sand! That is, the whole beach was subdivided into real mazes of tents (and camping tents!) that diminished the space available to people who went there to watch the fireworks and concerts and made it virtually impossible to reach the water.
During the time I was on the beach, I noticed at least two fights between more excited people. There were policing towers in the sand, but police officers emphatically ignored these incidents, almost as if they were there for leisure. Likewise, there were no guards or municipal guards circulating among people to inhibit assaults or calm down spirits (I myself witnessed two people complaining after thefts).
After the fireworks, to avoid the turmoil of people returning home, I preferred to wait for the beach to be empty. I left the beach at 3:45 AM and headed for Arcoverde subway station. Note that I waited fore more than three hours after the end of the fireworks to guarantee the tranquility of my trip back home. When we got in front of the station I noticed there was a queue surrounding the station's sidewalk to enter the station, in order to organize the massive number of people who would return by tube. I thought to myself "ok, let's walk till the end of the queue." Looking for the end of the line I crossed the first corner. And then two corners. Three corners... I had to walk through Rua Siqueira Campos -
five blocks away from the subway station! - To reach the end of the queue!
As if we weren't tired enough after standing on the beach since 10:00 AM and still had to walk for 10 minutes until the end of the queue and wait for 20 more minutes until we got to the station entrance, along the queue we still had to deal with many idiots trying to bypass us! It happened twice in front of me when the queue (who was being "organized" in the middle of the street!) had to be interrupted to give way to cars coming from the cross street Toneleros. One time the person pretended to be confused and vanished due the gaze of a municipal guard who followed the situation in silence and told me "I was just watching to see if you would need help with him" in a supportive way. The second time I had to raise my voice a little and ask the couple ahead of the smart-asses if they knew them, and due the negative answer, he left the queue.
About 10 minutes later I began to hear a lady complaining aloud a little further ahead in the queue: a group of more than 7 young men (and women) took place in the queue right in front of her and mocked of her complaints. I saw a municipal guard and a police officer on the next corner and I asked for help to deal with the situation. The police officer glanced at me and ignored me like I was a beggar trying to get into an expensive restaurant, whilst the municipal guard suggested "With so many people in that queue, how come you don't take care of the guys yourselves?".
Astonishingly I thanked him clapping and, ironically, praised his "initiative" and "attitude"...
At the beginning of the curve of Toneleros street, near the entrance to the station, I've found a group of about 12 municipal guards and, as they were in great number, I thought they could solve the problem with the disrespectful people in the queue. One of them mentioned that the subway employees were handling the situation and asked me to look for help concerning that at the station. I crossed the line in front of angry gaze from people who thought I was cutting in line and then I found a group of employees who attended the subway with two police officers who watched the flow of passengers coming into the station. I informed about my conversation with the municipal guards and they denied it all with a grin and said that - gasp! - The organization of the queue was being made
solely by the municipal guard!!
While I controlled my anger after the feedback from the subway employee I realized that there was a mass of people approaching the entrance to the station from the other side of the street, without going through the queue! They not only came as they also entered the station without waiting in the queue! And they did it in front of the police officers, municipal guards and employees of Metro Rio who heard the cries of "go to the queue", "get in line", "ditchers!" with complete and total disinterest in the welfare of the population!
I got off the train at São Cristóvão station at 5:40 AM. The trip - even in rush hours - is complete in an average of 40 minutes. Due to the negligence of Metrô Rio with the organization of the line, it took me three times that to get home and I felt completely regretted for being so naive to believe in the nice words announced by Rio de Janeiro city hall and Metro Rio!
So, in short: Unless you invade the shore with a trailer or a bus, surround it with a barbed wire fence to ensure the comfort and safety of your guests and hire private security guards to ensure your space allotted, I would not recommend anyone to rely on special transportation schemes organized by the Rio de Janeiro city hall or Metrô Rio. Stay in your hotel, hostel or even at home with your friends and avoid an ulcer or a nervous stroke next year!!
Seguem os links pros vídeos que eu fiz mostrando o caos do Réveillon:
Here are the links to the videos I made showing the chaos of New Year's Eve:
Réveillon 2013 pelo Metrô Rio (Parte 1 de 2) - Subway mayhem
Réveillon 2013 pelo Metrô Rio (Parte 2 de 2) - Subway mayhem
Réveillon Rio 2013 - Areia VIP e Metrô lotado - Shore turned into campsite